QUEM EU SOU?
SP . Semana 4 . 08/22
MEU DESENHO NÃO É INFANTIL... MEU DESENHO É PRIMITIVO: UMA ARTE RUPESTRE!
OBSERVE E PERCEBA!
O FIM DO DESENHO EM NOSSAS VIDAS (PARA A MAIORIA DE NÓS)...
A percepção é a capacidade de perceber, conscientemente, o mundo através dos sentidos, aprimorando-a por meio da racionalidade e de conhecimentos à medida que praticamos. Não é a visão que se altera, mas o modo como se vê as coisas.
A maioria das pessoas não aprende a ver suficientemente bem para desenhar. No ocidente, a maioria dos adultos não progride em aptidão artística muito além do nível de desenvolvimento atingido aos nove ou dez anos de idade. Em tese, o desenho realista é um estágio que todos nós devemos atravessar e o ideal é que o façamos entre os dez e doze anos.
Na maioria das atividades físicas e mentais, nossas aptidões se desenvolvem à medida que atingimos a idade adulta: como a fala e a escrita, por exemplo. Porém, o desenvolvimento da aptidão para o desenho parece permanecer em idade tenra na maioria das pessoas. Em nossa cultura, as crianças, naturalmente, desenham como crianças, mas a maioria dos adultos também desenha como crianças, independente do nível de desenvolvimento que atingiram em outras atividades.
A maioria das crianças entre nove e onze anos de idade demonstra interesse pelo desenho realista. Tornam-se autocríticas em relação aos seus desenhos e passam a desenhar seus assuntos prediletos, repetidamente, numa tentativa de aperfeiçoar a imagem; e quando não atingem o realismo perfeito, sentem-se fracassadas.
O início da adolescência parece marcar o fim do desenvolvimento artístico em termos de aptidão para o desenho na maioria dos adultos.
MEU DESENVOLVIMENTO DA APTIDÃO PARA O DESENHO...
A sequência do desenvolvimento da arte infantil tem a ver com as mudanças de desenvolvimento cerebral. Aparentemente, nossos rabiscos eram erráticos e, em seguida, passaram a assumir formas definidas, em geral, circulares. Depois de rabiscarmos, fazemos uma descoberta fundamental: um símbolo desenhado pode representar uma coisa que vemos em nossa volta. Fazemos um círculo, acrescentamos duas marcas para os olhos e temos: "mamãe", ou "papai", ou "cachorro".
Por volta dos três anos e meio, as imagens se tornam mais complexas, refletindo a nossa crescente percepção em relação ao mundo ao nosso redor. A cabeça é ligada ao corpo e este pode ser menor que a cabeça, é possível que os braços continuem a sair da cabeça, mas geralmente emergem do corpo, ou, às vezes, abaixo da cintura, e as pernas também se ligam ao corpo.
Por volta dos quatro anos de idade, somos conscientes dos detalhes das vestimentas, como botões e zíperes, por exemplo. Os dedos surgem nas extremidades dos braços e das mãos, assim como dos pés, em números variados.
Por volta dos quatro ou cinco anos, usamos os desenhos para contar ou narrar histórias, ou resolver problemas.
Por volta dos cinco ou seis anos, adquirimos ou desenvolvemos um conjunto de símbolos para criar uma paisagem. Geralmente escolhemos uma versão de uma paisagem simbólica, a qual repetimos.
Aos nove ou dez anos de idade, acrescentamos mais detalhes esperando conseguir mais realismo. Aparentemente, nossa preocupação com a composição se reduz, e colocamos as formas aleatoriamente, substituindo pela preocupação com a aparência das coisas.
O sistema de símbolos se incorpora à memória e estão prontos para serem evocados quando desenhamos um rosto, por exemplo, assim como os evocamos para desenhar nossa paisagem infantil.
EU APRENDO A DESENHAR (SE EU APRENDI, VOCÊ TAMBÉM PODE APRENDER)...
As pessoas que começam a aprender desenho geralmente não veem o que têm diante dos olhos, isto é, não percebem as coisas da maneira que o desenho exige. O psicólogo Robert Ornstein sugere que, para desenhar, a pessoa deve "refletir" as coisas como se fosse um espelho, ou seja, percebe-las exatamente como são.
Ao desenhar, recorremos a uma parte do cérebro que é quase sempre obscurecida e desenvolvemos a capacidade de perceber as coisas de uma nova maneira, em sua totalidade, de descobrir configurações e possibilidades para novas combinações. Soluções criativas para problemas se tornam acessíveis por meio de novas maneiras de pensar e novas formas de usar o nosso cérebro; é uma chave para abrir a porta de outros objetivos, tornando a vida mais rica, pois vemos mais e melhor.
Desenhar não é apenas saber as técnicas, mas é saber ver a imagem. Para isso, é preciso aprimorar a percepção, o modo de ver o que está à nossa frente, trabalhando por meio da prática, refinamento e técnica e, por fim, entendendo o propósito do que faz.
Segundo Betty Edwards, em seu livro “Desenhando com o lado direito do cérebro”, grosso modo, todos os desenhos são iguais, isto é, nenhum desenho é mais difícil do que outro. As mesmas maneiras de ver são necessárias para o desenho de natureza-morta, paisagens, corpo humano, objetos, assuntos imaginários e retratos. Vemos o que está diante de nós (os assuntos imaginários são vistos com o olho da mente) e desenhamos o que vemos. É uma habilidade global, assim como ler, andar e dirigir. E como tudo que se aprende, é difícil no começo, há obstáculos e com a prática se torna automático; com isso, desmistificamos o que dizem sobre ter o dom para desenhar.
Betty Edwards considera 5 componentes básicos para desenvolver a percepção, sendo que um componente leva ao desenvolvimento do outro até formar o todo:
1) Percepção das bordas: linhas e contornos.
2) Percepção dos espaços: negativos ou vazios.
3) Percepção dos relacionamentos: proporção e perspectiva.
4) Percepção de luzes e sombras: sombreamento.
5) Percepção do todo (gestalt): essência.
A autora acrescenta mais duas habilidades para que o desenho seja criativo e expressivo – que neste momento, não as usaremos para o exercício:
6) Desenhar de memória.
7) Desenhar a partir da imaginação.
Para desenhar, olhamos o objeto ou pessoa, tiramos uma "fotografia mental", nós retemos essa imagem na memória e, em seguida, a desenhamos no papel. Olhamos novamente, retemos outra imagem, continuamos a desenhar, e assim sucessivamente.
Mas... eu tenho que aprender a desenhar?
FELIZMENTE (para você!), na Arteterapia, não se requer habilidades para o desenho. O exercício proposto pode ser realizado com base na observação para desenvolver a capacidade de ver, com mais profundidade a cada vez, a natureza das coisas. Ao olhar as pessoas e os objetos, imagine que os está desenhando: suas linhas e contornos, seus espaços vazios, suas proporções e perspectivas, suas luzes e sombras, e suas essências - se quiser, pode anotá-los no papel como uma descrição -; e, como menciona Betty Edwards, passará a vê-los de maneira diferente, com um olhar atento, com o olho do artista que há em você.
À medida que nossas percepções se multiplicam, abordamos os problemas de formas diferentes, corrigimos erros de percepção, arrancamos a máscara de estereótipos que ocultam a realidade e nos impedem de ver.
REFLITA!
VOCÊ VÊ E PERCEBE AS PESSOAS COMO ELAS REALMENTE SÃO FISICAMENTE? OU, VOCÊ AS VÊ E PERCEBE COMO AS IMAGENS ESTEREOTIPADAS GUARDADAS EM SUA MEMÓRIA?
Cristina Syono | Psico-Arte-Fototerapia | WhatsApp +55 11 99624-6801
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Arteterapia desenho percepção visão lado direito do cérebro linhas contornos luz sombra perspectiva proporção vazio essência