QUEM EU SOU?
SP . Semana 8 . 09/22
MINHA VIDA É UM CONTO DE FALHAS?
QUAL É A MINHA HISTÓRIA FAVORITA?
Segundo Alessandra Giordano, que foi minha professora, em seu livro “Contar histórias”, os contos sempre fascinaram pessoas em todo o mundo. “Religiões e cultos, ainda hoje, transmitem suas lições mais importantes por histórias. Quem ainda não ouviu o pároco de sua igreja, um lama, um rabino ou um pastor contar histórias durante suas liturgias”.
Os contadores de histórias sempre souberam da relação do ser humano com o sagrado para estar em consonância com o universo e, assim, evoluir, compreender-se e encontrar o seu caminho - o ser humano é per si um ser religioso. Há contos que nos convidam a reflexões e meditações, colocando-nos em condições de oração e de iluminação interior, apresentando metáforas que revelam aquilo que precisa ser revelado. Ajudam as partes afetadas da psique, para que voltem a ser lúcidas e saudáveis, levando à paz de pensar sobre quem se é e qual seu papel neste mundo, ou seja, nos remete às questões da dimensão do sagrado porque a psique contém uma dimensão religiosa [religare] que conduz à transcendência.
As histórias [e, para alguns, boas estórias] contêm sabedoria e despertam a imaginação, confortam, mostram caminhos e alternativas como exemplos de soluções para conflitos, ensinam comunicando o que é essencial à alma humana e trazendo à tona reflexões que podem nos levar a outros níveis de consciência e espiritualidade, levam a conhecimentos e compreensões de nós mesmos nos recordando das possibilidades maiores do ser humano e do comportamento adequado para estarmos em harmonia com a totalidade do ser - ajudam-nos a assumir a nossa história e, assim, desenvolver nossa verdadeira identidade e vivermos melhor.
Somente podemos enfrentar situações com um mínimo de sucesso a partir do que temos como recurso interno. Cada um de nós é único e [irrepitível], embora sejamos da mesma natureza - natureza humana - temos necessidades diferentes, estamos em diferentes fases e momentos, temos diferentes bagagens culturais, crenças e valores. A sabedoria dos contos repletos de signos, símbolos, ícones e de significados oferecem informações individuais que cada um de nós extrai segundo nossas necessidades e, diferem para cada um de nós em diferentes momentos de nossa vida. Transmite-se um conto com o desejo de que o ouvinte [ou leitor] acorde da mesmice de suas ilusões... e desperte para as suas possibilidades, seu alcance, sua origem e seu destino, o que é efêmero e o que é eterno - como possibilidade de revelar um sentido para a vida com ordenamento da alma humana.
O ser humano constrói o universo mediante a função que lhe pertence exclusivamente, isto é, a função simbólica, e a linguagem é o instrumento desta função. O universo das histórias é onde a simbolização de conteúdos espelham a relação do ser humano com o mundo. E o mundo é uma grande história e está repleto de narrativas - [as narrativas da vida de cada um de nós] – ou seja, estamos inseridos nessa história que nos antecede e que também nos sucederá.
É notório que a vida da maioria das pessoas está cheia de televisão e carente de histórias. A viciante TV as prende sem que percebam que apenas vivem na superficialidade da vida. Foram perdendo as suas histórias e memórias para reproduzir as histórias que a mídia conta e se deixaram levar pelo curso dos interesses que muitas vezes não as ajudam a evoluir, portanto, contar histórias, atualmente, significa salvar o imaginário. Embora, os contos tenham se tornado, para o Ocidente, uma literatura de entretenimento para crianças e adultos, sua estrutura é a de uma aventura pelos processos iniciáticos a caminho da humanização - há contos que nos ajudam muitas vezes a reescrever a nossa biografia de forma mais criativa.
Os contos de tradição oral, os contos jocosos, maravilhosos, populares, da carochinha e de fadas, os mitos, os folclores, as fábulas, as sagas, as lendas, as parábolas, os romances, as escrituras sagradas, as literaturas clássica [e, com raridade, a contemporânea] lidam com problemas humanos universais: as lutas do crescimento, os temores, os medos e ansiedades. Há quem considere “coisa de quem não tem o que fazer”, ou “coisa de crianças”, [ou, acrescento, há quem deboche – eu mesma presenciei tal deboche vindo de um diretor de teatro sobre contos que ensinam sobre virtudes às crianças]. “O estado atual da sociedade está fechado para a escuta dos ensinamentos repletos de significados, sobre a compreensão de quem somos, de onde viemos e para onde vamos, oferecidos pelos contos e trocados por meros simulacros”. Cada um de nós aprende com as histórias o quanto permitimos que elas nos ensinem [!]
O QUE A HISTÓRIA ME ENSINA? O QUE EU APRENDO?
No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas.
O PRIMEIRO DIA
Deus disse: "Faça-se a luz!" E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas. Deus chamou à luz DIA, e às trevas NOITE. Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o primeiro dia.
O SEGUNDO DIA
Deus disse: "Faça-se um firmamento entre as águas, e separe ele umas das outras". Deus fez o firmamento e separou as águas que estavam debaixo do firmamento daquelas que estavam por cima. E assim se fez. Deus chamou ao firmamento CÉUS. Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o segundo dia.
O TERCEIRO DIA
Deus disse: "Que as águas que estão debaixo dos céus se ajuntem num mesmo lugar, e apareça o elemento árido." E assim se fez. Deus chamou ao elemento árido TERRA, e ao ajuntamento das águas MAR. E Deus viu que isso era bom.
Deus disse: "Produza a terra plantas, ervas que contenham semente e árvores frutíferas que deem fruto segundo a sua espécie e o fruto contenha a sua semente." E assim foi feito. A terra produziu plantas, ervas que contêm semente segundo a sua espécie, e árvores que produzem fruto segundo a sua espécie, contendo o fruto a sua semente. E Deus viu que isso era bom. Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o terceiro dia.
O QUARTO DIA
Deus disse: "Façam-se luzeiros no firmamento dos céus para separar o dia da noite; sirvam eles de sinais e marquem o tempo, os dias e os anos, e resplandeçam no firmamento dos céus para iluminar a terra". E assim se fez. Deus fez os dois grandes luzeiros: o maior para presidir ao dia, e o menor para presidir à noite; e fez também as estrelas. Deus colocou-os no firmamento dos céus para que iluminassem a terra, presidissem ao dia e à noite, e separassem a luz das trevas. E Deus viu que isso era bom. Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o quarto dia.
O QUINTO DIA
Deus disse: "Pululem as águas de uma multidão de seres vivos, e voem aves sobre a terra, debaixo do firmamento dos céus." Deus criou os monstros marinhos e toda a multidão de seres vivos que enchem as águas, segundo a sua espécie, e todas as aves segundo a sua espécie. E Deus viu que isso era bom. E Deus os abençoou: "Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, e enchei as águas do mar, e que as aves se multipliquem sobre a terra." Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o quinto dia.
O SEXTO DIA
Deus disse: "Produza a terra seres vivos segundo a sua espécie: animais domésticos, répteis e animais selvagens, segundo a sua espécie." E assim se fez. Deus fez os animais selvagens segundo a sua espécie, os animais domésticos igualmente, e da mesma forma todos os animais, que se arrastam sobre a terra. E Deus viu que isso era bom. Então Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastem sobre a terra." Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher. Deus os abençoou: "Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra." Deus disse: "Eis que eu vos dou toda a erva que dá semente sobre a terra, e todas as árvores frutíferas que contêm em si mesmas a sua semente, para que vos sirvam de alimento. E a todos os animais da terra, a todas as aves dos céus, a tudo o que se arrasta sobre a terra, e em que haja sopro de vida, eu dou toda erva verde por alimento." E assim se fez. Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom. Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o sexto dia.
O SÉTIMO DIA
Assim foram acabados os céus, a terra e todo seu exército. Tendo Deus terminado no sétimo dia a obra que tinha feito, descansou do seu trabalho. Ele abençoou o sétimo dia e o consagrou, porque nesse dia repousara de toda a obra da Criação.
A QUEDA
Tal é a história da criação dos céus e da terra. No tempo em que o Senhor Deus fez a terra e os céus, não existia ainda sobre a terra nenhum arbusto nos campos, e nenhuma erva havia ainda brotado nos campos, porque o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, nem havia homem que a cultivasse; mas subia da terra um vapor que regava toda a sua superfície. O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida e o homem se tornou um ser vivente.
Ora, o Senhor Deus tinha plantado um jardim no Éden, do lado do oriente, e colocou nele o homem que havia criado. O Senhor Deus fez brotar da terra toda sorte de árvores, de aspecto agradável, e de frutos bons para comer; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal. Um rio saía do Éden para regar o jardim, e dividia-se em seguida em quatro braços: o nome do primeiro é Fison, e é aquele que contorna toda a região de Evilat, onde se encontra o ouro (o ouro dessa região é puro; encontra-se ali também o bdélio e a pedra ônix.); o nome do segundo rio é Geon, e é aquele que contorna toda a região de Cusch; o nome do terceiro rio é Tigre, que corre ao oriente da Assíria; o quarto rio é o Eufrates.
O Senhor Deus tomou o homem e colocou-o no jardim do Éden para cultivá-lo e guardá-lo. Deu-lhe este preceito: “Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente.
O Senhor Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada.” Tendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todos os animais dos campos, e todas as aves dos céus, levou-os ao homem, para ver como ele os havia de chamar; e todo o nome que o homem pôs aos animais vivos, esse é o seu verdadeiro nome. O homem pôs nomes a todos os animais, a todas as aves dos céus e a todos os animais dos campos; mas não se achava para ele uma ajuda que lhe fosse adequada. Então o Senhor Deus mandou ao homem um profundo sono; e enquanto ele dormia, tomou-lhe uma costela e fechou com carne o seu lugar. E da costela que tinha tomado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher, e levou-a para junto do homem. “Eis agora aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne de minha carne; ela se chamará mulher, porque foi tomada do homem.” Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne. O homem e a mulher estavam nus, e não se envergonhavam.
A serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha formado. Ela disse a mulher: "É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do jardim?”
A mulher respondeu-lhe: "Podemos comer do fruto das árvores do jardim. Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: Vós não comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais.”
“Oh, não! – tornou a serpente – vós não morrereis! Mas Deus bem sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal.”
A mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e mui apropriado para abrir a inteligência, tomou dele, comeu, e o apresentou também ao seu marido, que comeu igualmente. Então os seus olhos abriram-se; e, vendo que estavam nus, tomaram folhas de figueira, ligaram-nas e fizeram cinturas para si.
E eis que ouviram o barulho (dos passos) do Senhor Deus que passeava no jardim, à hora da brisa da tarde. O homem e sua mulher esconderam-se da face do Senhor Deus, no meio das árvores do jardim. Mas o Senhor Deus chamou o homem, e disse-lhe: “Onde estás?”
E ele respondeu: “Ouvi o barulho dos vossos passos no jardim; tive medo, porque estou nu; e ocultei-me.”
O Senhor Deus disse: “Quem te revelou que estavas nu? Terias tu porventura comido do fruto da árvore que eu te havia proibido de comer?”
O homem respondeu: “A mulher que pusestes ao meu lado apresentou-me deste fruto, e eu comi.”
O Senhor Deus disse à mulher: Porque fizeste isso?”
“A serpente enganou-me,– respondeu ela – e eu comi.”
Então o Senhor Deus disse à serpente: “Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais e feras dos campos; andarás de rastos sobre o teu ventre e comerás o pó todos os dias de tua vida. Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu ferirás o calcanhar.”
Disse também à mulher: Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores, teus desejos te impelirão para o teu marido e tu estarás sob o seu domínio.”
E disse em seguida ao homem: “Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida. Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar.”
Adão pôs à sua mulher o nome de Eva, porque ela era a mãe de todos os viventes. O Senhor Deus fez para Adão e sua mulher umas vestes de peles, e os vestiu. E o Senhor Deus disse: “Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal. Agora, pois, cuidemos que ele não estenda a sua mão e tome também do fruto da árvore da vida, e o coma, e viva eternamente.” O Senhor Deus expulsou-o do jardim do Éden, para que ele cultivasse a terra donde tinha sido tirado. E expulsou-o; e colocou ao oriente do jardim do Éden querubins armados de uma espada flamejante, para guardar o caminho da árvore da vida. (Gênesis - Bíblia Ave Maria)
SIMBOLOGIA: A QUEDA DE ADÃO
Adão simboliza o primeiro homem e a imagem de Deus. No caso de Adão, primeiro significa muito mais do que uma prioridade no tempo. Adão é o primeiro na ordem da natureza, é o ponto culminante da criação terrestre, o ser supremo da humanidade. Portanto, neste caso, primeiro não significa de modo algum primitivo. Ele é o primeiro, também, na medida em que é responsável por toda uma linhagem que dele descende. Sua primazia é de ordem moral, natural e ontológica.
Além disso, é feito à imagem de Deus. Sob um ponto de vista simbólico, pode-se entender a expressão no sentido de que Adão é feito à imagem de Deus do mesmo modo que uma obra-prima é feita à imagem do artista que a realizou. O aspecto que se assemelha mais particularmente ao seu Criador é a aparição do espírito na criação pela animação da matéria. E é esta a realidade do espírito – à imagem de Deus, mas diferente de Deus – que Adão simboliza. Daí derivam as outras inovações no universo: a consciência, a razão, a liberdade, a responsabilidade, a autonomia, todos os privilégios do espírito encarnado e, portanto, somente à imagem de Deus, e, não idêntico a Deus.
Foi por ter desejado identificar-se com Deus que Adão se tornou também o primeiro a errar, com todas as consequências que essa primazia do pecado acarreta para seus descendentes. O primeiro em uma ordem é sempre, de certa maneira, a causa de tudo o que dele deriva nessa ordem. Adão simboliza o pecado original, a perversão do espírito, o uso absurdo da liberdade, a recusa de toda dependência para com o Criador que é a própria condição de vida, sem a qual, conduz-se à morte. (Dicionário de símbolos, de Jean Chavalier & Alain Gheerbrant)
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Cristina Syono | Psico-Arte-Fototerapia | WhatsApp +55 11 99624-6801
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