QUEM EU SOU?
SP . Semana 14 . 11/22
A CULPA É SEMPRE DA PORTA!
NINGUÉM GOSTA DE MIM, NINGUÉM ME AMA, NINGUÉM ME QUER...
Na infância, o sentimento de rejeição afeta a segurança e a autoestima, podendo passar a buscar a aprovação das pessoas. Muitos(as) adolescentes se preocupam excessivamente com o que as pessoas sentem ou pensam sobre eles(as), ser amado é o mais importante. Desde a infância, a partir do afeto recebido dos pais e mães, dos adultos importantes de sua convivência e dos amigos e colegas, se sentem amados(as) e acolhidos(as), e podem se desenvolver e se tornar adultos mais confiantes, caso contrário, eles(as) arrastarão suas inseguranças para a vida adulta...
...EU SOU UMA VÍTIMA?
Os dicionários e especialistas apresentam algumas definições do termo vitimismo: é o sentimento de ser vítima; sensação de quem está ou foi sujeito a opressão, maus-tratos, arbitrariedades, discriminação etc.; sentimento de ansiedade, preocupação ou raiva de quem é vítima de algo ou de alguém; é quando uma pessoa se sente insultada ou ofendida por uma coisa mínima ou sem importância, ou seja, tem uma tendência obsessiva para se fazer de vítima; também pode estar associado a transtornos mentais como a mania de perseguição; tendência a vitimização; é a fabricação ou exagero da vitimização por uma variedade de razões, como justificar o abuso de outras pessoas, manipular os outros, estratégia de enfrentamento, busca de atenção ou difusão de responsabilidade. Sinônimo de coitadismo, autopiedade, autovitimização ou fazer-se de vítima. Na Psicologia, são pessoas que, dependentes emocionalmente, se sentem incapazes de gerenciar a própria vida e não se responsabilizam pelos seus problemas; culpam o mundo pelas próprias dificuldades e descarregam sobre as pessoas mais próximas toda a responsabilidade pelo seu sofrimento; trata-se de uma doença, cujo sentimento visa causar dó, pena ou buscar atenção das pessoas no processo de comunicação; o comportamento de não se posicionar e se achar não merecedora; tendência obsessiva para se fazer de vítima; palavra utilizada geralmente por grupos privilegiados para negar seus próprios privilégios; é o nome da doença das pessoas que se acham punidas com qualquer coisa ou assunto; a vitimização é um traço psicológico que afeta as relações pessoais.
A VÍTIMA REAL
As situações reais e objetivas de vitimização em que a pessoa sofre abuso ou excesso de autoridade, numa situação de impotência concreta, isto é, fora do seu controle sem nenhuma oportunidade de reagir ou de se defender, são transitórias e não uma realidade definitiva, ou seja, não é um rótulo que a pessoa carrega em todos os lugares por toda a vida, portanto, permanecer no papel de vítima é uma escolha dentre as opções.
Cada um de nós, em algum momento da vida, assumiu o papel de vítima em situações de sofrimento ou traumáticas por nos sentirmos vulneráveis e desprotegidos(as), tivemos atenção, cuidados, apoio, carinho e compreensão para sair do estado de choque, e gostamos do tratamento que nos foi dispensado.
A FALSA VÍTIMA
O problema reside em que algumas pessoas assumem o papel de vítima como identidade, se tornando vitimistas crônicos, uma patologia classificada no manual de psiquiatria que pode ser base para desenvolver um transtorno paranóico de personalidade, por exemplo. Os vitimistas crônicos têm uma visão distorcida da realidade sempre procurando um culpado por tudo que lhes acontecem.
Os abusadores que se fazem de vítimas desviam a atenção dos atos abusivos e os justificam com base no mau comportamento de alguém para ter poder e controle abusivos, pedindo a simpatia das pessoas com intuito de obter assistência, apoio ou habilitação do abuso de alguém.
Os agressores que se fazem de vítimas têm dois propósitos: justificar para si mesmos(as) como forma de lidar com a dissonância cognitiva resultante das inconsistências entre a forma como tratam as pessoas e o que eles(as) acreditam sobre si mesmos(as); e justificar para as pessoas com intuito de desviar o julgamento ou condenação pelos outros, fazendo parecer que tudo o que diz é verdade e o que faz é bem-intencionado, isto é, uma chantagem.
Nos casos mais graves, acreditam que podem odiar ou machucar outras pessoas.
EIS-ME, (FALSA) VÍTIMA
Dependo excessivamente dos outros, sempre sou injustiçada, acredito que tudo que me acontece é culpa das pessoas ou das circunstâncias (e até de objetos inanimados), sou sempre azarado(a), ignoro o meu verdadeiro potencial, minhas qualidades e talentos, sou incapaz de fazer autocríticas e de ouvir críticas, sou preguiçoso(a) física e mentalmente, atribuo a má sorte à todos exceto à mim mesmo(a), não me interesso por novos conhecimentos, não tenho amor-próprio, vivo me queixando de tudo e de todos, justifico a minha inércia e comodismo, repudio o sucesso das pessoas bem-sucedidas (é inveja!), nego minhas competências, me autossaboto intelectual e emocionalmente, sou resistente à mudanças, desqualifico as dificuldades das pessoas para justificar os meus fracassos, sou pessimista e exponho desnecessariamente a minha miséria, exagero o que me acontece dando maior gravidade e foco o lado negativo, manipulo as pessoas para alcançar os meus objetivos e reconheço aquelas mais empáticas para o meu próprio benefício, as outras que não fazem o que eu espero são carrascos.
EU CÁ, (FALSA) VÍTIMA, PENSANDO COM OS MEUS BOTÕES...
Não escolhi nascer ou estar aqui...
Não pedi para ficar órfã de mãe... (ou pai)...
Não tenho culpa de ser... "x" (ou assim)...
Não gosto de... "x" em mim...
Ninguém me entende...
Não sirvo para nada...
Meu nariz é horrível... (ou outra parte do corpo)...
Por que eu tenho que dedicar tanto tempo para aprender algo que todo mundo aprende rápido?...
Se o governo fosse justo, eu não estaria nesta situação...
Por que as coisas são mais difíceis para mim?...
Por que Deus fez isso comigo?...
QUAL É A MINHA ATITUDE DIANTE DA VIDA?
Quem faz da vitimização o seu estilo de vida ou posição existencial não diz direta e claramente o que quer emitindo mensagens imprecisas como queixas ou arrependimentos, nos deixando com dúvidas se ele(a) quer reconhecimento, ou se está reclamando, ou se quer a nossa ajuda. Deixa a impressão de que nós somos responsáveis por algo indefinido e sentimos uma tristeza ou desconforto conosco mesmos, isto é, chantagem emocional. Alerta-nos frequentemente sobre as más intenções das pessoas, usa os sofrimentos passados para justificar as suas maldades, além da possibilidade de nos acusar de insensíveis ou desalmados ao criticá-lo(a) ou questioná-lo(a).
ESTOU CANSADO(A) DE OUVIR RECLAMAÇÕES...
Vitimistas, conscientes ou inconscientes, têm dificuldades em aceitar que contribuíram para um problema e de que são responsáveis pelas circunstâncias em que se encontram, ignorando o seu papel na perpetuação do problema. Prendem-se a queixas e rancores, usando-os como armas quando são responsabilizados(as) por algo, também usam as memórias e fatos passados como razões para não mudarem atitudes sustentadas por mágoas e ressentimentos.
Repetem padrões de submissão e passividade, prejudicando a autoestima e o desenvolvimento pessoal. Colocam um peso nos próprios ombros que não carregam de fato, recebendo atenção e apoio que não merecem. Não demonstram sua sensação de impotência e manipulam, coagem e são desonestos(as) para conseguir o que precisam. Comumente, são inseguros(as) e sempre suspeitam das pessoas por acreditarem que não são confiáveis, assim como eles(as) próprios(as) não os(as) são, acreditam também que as pessoas são más e que sempre se movem por interesses, usando-os(as).
Não têm senso de limites ao se comunicarem e precisam se atualizar sobre as fofocas mais recentes. Levam qualquer assunto diário para o lado pessoal por se sentirem sempre ofendidos(as). Encaram a diferença de opinião, ou a crítica a alguém, como uma guerra em que estão sob constantes ataques. Comparam-se sempre negativamente às outras pessoas por não perceberem que ninguém tem tudo. Compadecem-se de si mesmos(as) como crianças indefesas, se aprisionando mais no papel de vítimas.
Colocam as pessoas para baixo, encontrando falhas nelas, para ter uma sensação ilusória de superioridade. Culpam as pessoas pelas suas desgraças e mazelas sem se responsabilizarem por seus próprios atos e consequências destes - a transferência da responsabilidade gera um breve conforto psicológico -, além disso, agem com desprezo, agressividade, intolerância e violência, entre outras; também buscam culpados para carregarem todos os defeitos e se sentirem especiais. Tornam-se, repentinamente, perfeitos(as) e não admitem seus erros quando estes podem ser descobertos, são arrogantes e narcisistas, cortando as relações verdadeiramente confiáveis e criando relações caóticas.
Esperam ser sempre recompensados(as) por seus esforços e trabalham como voluntários(as) para suportar a dor do abandono ainda na busca de serem recompensados(as). Quando colocam os desejos das pessoas antes dos seus, implicitamente, a intenção é ganhar algo como, reconhecimento ou agradecimento, e quando estes não são explícitos para eles(as), acusam as pessoas de egoístas. Prendem-se a crenças fixas impedindo de ver o outro lado da situação, aceitam uma explicação sempre com arrependimento ou desculpas. Há aqueles que têm um discurso de coitadismo heróico por se autossacrificarem para desempenhar, nada mais, que as suas obrigações ou deveres como, por exemplo, cuidar dos próprios(as) filhos(as).
Distorcem a realidade a seu favor, se sentindo mais desgraçados(as) por não terem o poder de mudá-la. São incapazes de fazer uma verdadeira autocrítica como se não tivessem nada a melhorar em si mesmos(as). Em geral, não acreditam que podem controlar suas vidas, abdicando da capacidade de tomar nas mãos o que lhes acontecem e narrarem suas histórias concretas, ou seja, entregam o controle de suas vidas nas mãos das outras pessoas, deixando de serem os(as) autores(as) e protagonistas das suas próprias histórias, se afastando dos seus próprios sentimentos para que não sofram, mas sofrem, vulneráveis, porque suas vidas dependem sempre dos outros, se sentindo cada vez mais frustrados(as) consigo mesmos(as). Consequentemente, sempre narram suas histórias como alguém que sofre constantemente como um(a) coitado(a) e injustiçado(a), carregando remorso e rancor pelos sofrimentos que a vida e as pessoas lhes impõem.
Não pedem ajuda nem tentam sair de situações que lhes desagradam, apenas se lamentam para chamar a atenção. Procuram falhas em acontecimentos bons e reclamam, reclamam e reclamam, ciclicamente, enxergando a vida de uma forma distorcida e pouco real, como se tivesse um filtro em preto e branco à frente dos olhos.
Ao final, as consequências são dolorosas em suas vidas e relacionamentos por não mudarem seus comportamentos rompendo estes padrões e, sofrendo de ansiedade ou depressão, conclui-se que suas estratégias de enfrentamento dos problemas são erradas.
Cada circunstância, situação ou evento na vida é, para as vítimas, uma oportunidade de aprendizado e crescimento. Eles(as) podem não ser totalmente responsáveis pelo ocorrido, mas sempre podem se perguntar se contribuíram de alguma forma, sendo responsável, amadurecendo e reconhecendo que parar de culpar as pessoas é retomar, para si, o poder e o autocontrole, isto é, não precisa mais ser a vítima!
REFLITA!
EU ME VI COMO SE OLHASSE NO ESPELHO? TOTAL OU PARCIALMENTE?
EU COSTUMO RECLAMAR DO QUE OU DE QUEM? (MESMO EM PENSAMENTO!)
Se você percebeu mais semelhanças que diferenças entre as suas condutas na vida e as descritas acima, saiba que sempre se pode fazer outra escolha e melhorar a cada dia. Tem jeito!
Cristina Syono | Psico-Arte-Fototerapia | WhatsApp +55 11 99624-6801
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