QUEM EU SOU?

SP . Semana 30 . 03/23

ELA, A MORTE, ME ENCONTROU... E AGORA?

NÃO, EU NÃO MORRI!

Observamos que nossos pais e mães envelhecem e temos que lhes prestar cuidados, percebendo que o ser humano é finito. É a fase de aceitarmos a aproximação da velhice e a finitude do corpo, ou seja, temos menos tempo para viver. Para a maioria das pessoas é a primeira vez que elas realmente se conscientizam da sua natureza finita, isto é, da sua mortalidade. Percebem que o tempo passou - mais da metade da vida - e que a finitude é um fato inquestionável. É comum começarmos a nos preocupar com o futuro, a temer a velhice e a morte concreta que, antes, eram vistas como uma “suposição”. Tem-se a sensação de que perdeu algo, de não ter aproveitado ou explorado a vida total ou suficientemente, de que ainda não fez o que desejava ter feito - o tempo é escasso - e provavelmente não realizará o que não concretizou.



CADA PESSOA É ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE RESPONSÁVEL PELAS PRÓPRIAS ESCOLHAS E DECISÕES QUE TOMA NA VIDA - INCLUSIVE A ESCOLHA E DECISÃO DE NÃO ESCOLHER E NÃO DECIDIR - BEM COMO, A ESCOLHA E DECISÃO EM ACEITAR SUGESTÕES DE OUTREM OU DE SEGUIR OUTRAS PESSOAS.

Com algumas exceções, a idade chega para todos e cada um de nós passará por um momento de maior reflexão na vida. É um fenômeno biopsicossocial e independe da classe social, origem, sexo ou gênero, raça, estado civil, ideologia, signo, entre outros. É o momento de analisar o que se fez até o momento e os assuntos a serem resolvidos: profissionais, afetivos, sociais, existenciais e espirituais (este último, exceto para os(as) ateus(ias)).


Após a análise ou avaliação, talvez cada um de nós perceba que realizou coisas porque recebeu instruções alheias, seguiu os sonhos ou objetivos propostos pelos pais ou mães e foi influenciado por outras pessoas.

Cada um de nós compara entre onde gostaria de estar na vida no momento presente e onde está realmente, e pode constatar que não é condizente com quem se é.

Cada um de nós pode perceber que costuma agir sem se dar conta, ou seja, que as ações estão condicionadas. Alguns(as) se lamentam por não terem feito escolhas e tomado decisões melhores na vida.

Cada um de nós questiona a veracidade de tudo o que ouviu, em especial, a seu respeito e talvez perceba que algumas críticas à si são rótulos.

A vergonha associada ao fracasso percebido é, majoritariamente, excessiva correspondendo muito pouco à realidade, isto é, uma percepção distorcida de que o tempo está passando, não se fez nada da vida e provavelmente não terá mais tempo de fazer.


O adolescente se questiona sobre o seu objetivo na vida, o adulto de meia-idade se questiona sobre o sentido da existência ou da vida. Cada um de nós tem dúvidas sobre se está no caminho certo e quer descobrir o significado da própria vida.


A depender das constatações ao analisar ou avaliar a vida que levamos até o momento e ao nos questionarmos sobre a própria história, podem surgir desconfortos, conflitos e dores com diferentes desdobramentos como: culpa, ira, mau humor, irritabilidade, exasperação, abatimento, fraqueza, exaustão, tédio, medo, insegurança, pânico, ansiedade e preocupações com o futuro, neurose, frustração, angústia, infelicidade, mágoa, tristeza, desesperança e, em alguns casos, falta de razão para viver e até psicose. Essa crise é a consciência da pessoa de que está envelhecendo e deve encarar a morte, chamada de crise dos 40 ou da meia-idade que pode acontecer um pouco antes ou um pouco depois dos 40 anos.


Cada um de nós é diferente com razões diversas para sentir o que sente, mas há alguns elementos comuns na maioria das crises da meia-idade. Segundo um estudo feito por economistas dos Estados Unidos, do Reino Unido e de Singapura, a crise da meia-idade é real – é nesta fase da vida que as pessoas atingem o máximo de estresse no trabalho, insônia, problemas de concentração e memória, dores de cabeça, depressão profunda e risco de suicídio – foram analisadas 500 mil pessoas nos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália. O cenário é paradoxal e preocupante, pois as pessoas analisadas que sofrem essa crise, no geral, vivem bem com altos salários e quase não têm problemas de saúde, de acordo com o artigo publicado no Departamento Nacional de Pesquisa Econômica dos EUA (NBER). Os pesquisadores consideram que aspirações não atendidas durante a vida podem provocar esse sentimento na meia-idade que comumente ocorre entre 40 e 65 anos.

O psicólogo e médico canadense Elliot Jaques, em 1965, analisou milhares de pessoas por volta dos 40 anos e seus respectivos padrões de comportamento, detectando regras de conduta e orientação de vida independente do gênero e proveniência, isto é, comuns em sociedades ocidentais e orientais. Essa crise não significa uma doença, mas um período emocional intenso de revisão das prioridades e preparação para a próxima fase da vida: o envelhecimento.


Segundo a Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional (SBIE), a insegurança da meia-idade pode ser causada por uma série de fatores como:

+ Síndrome do ninho vazio: a relativa distância dos(as) filhos(as) que deixaram o lar pode provocar as sensações de vazio e solidão;

+ alterações hormonais: homens em situação de andropausa e mulheres em situação de climatério ou menopausa. Segundo pesquisa de 2002, 76% das mulheres acima de 45 anos estão na fase da pós-menopausa;

+ morte de parentes ou amigos próximos;

+ crise na vida profissional: problemas ou frustrações.

E ainda podemos incluir:

+ Separação ou traição;

+ falta de propósito ou de razão para viver;

+ acidente ou doença;

+ ou, às vezes, não precisa de algo tão dramático.


Alguns sintomas e degeneração física se somam como, cabelos secos e brancos ou grisalhos, pele seca, rugas, perda do vigor físico, diminuições da vitalidade e da libido, acúmulo de gordura, perda de dentes, visão fraca ou catarata, lentidão, gases, glicemia, cálculo renal, dores articulares, hipertensão ou hipotensão, enxaquecas, nódulos, insônia, alterações de humor, entre outros. Cuidar da beleza é saudável, mas aqueles(as) que apostaram na beleza física como algo mais importante na vida, irão sofrer mais. É uma questão evolutiva ligada à idade e às mudanças biológicas que também têm sua expressão psicológica, e aqueles(as) que alcançaram metas enfrentarão a crise de uma forma melhor, diferentemente daqueles(as) que são inseguros(as) ou não têm objetivos claros.



REFLITA!

O QUE EU FIZ DA MINHA VIDA?


O QUE EU RENUNCIEI?


O QUE EU CONQUISTEI?


QUEM EU SOU VERDADEIRAMENTE?


QUAL É A VERDADE DA MINHA HISTÓRIA DE VIDA OU BIOGRAFIA?


Se você se percebeu nesta fase, acolha a crise, reflita, encontre o sentido da sua história e ela, a crise, passará: você ainda terá algum tempo pela frente e poderá passá-lo sorrindo.



Nota: A foto da capa foi tirada por um integrante do grupo de alunos do curso de teatro em ensaio da peça para conclusão do semestre em 2007.




Cristina Syono | Psico-Arte-Fototerapia | WhatsApp +55 11 99624-6801


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