QUEM EU SOU?
SP . Semana 44 . 07/23
A DONZELA DE ORLEANS
DE CAMPONESA ANALFABETA À LÍDER DO EXÉRCITO
Joana d'Arc nasceu em 1.412, no vilarejo de Domrémy, na França. Filha dos camponeses Jacques d'Arc e Isabelle Romée, teve três irmãos e uma irmã. Analfabeta, ocupava-se de afazeres domésticos e ajudava seu pai na agricultura e no pastoreio das ovelhas. Desde a infância, atraía-se à contemplação e à participação das celebrações na igreja, tinha uma formação religiosa suficiente para compreender os sacramentos, mas não tinha conhecimentos suficientes nem histórico de fanatismo. O contexto, em que nasceu, era de guerra pela disputa do trono francês, pois em 1.328, o rei Carlos IV faleceu sem deixar herdeiros diretos, abrindo a possibilidade para que parentes pudessem assumir o trono, e anos depois, em 1.337, se deu o início da chamada Guerra dos cem anos, entre França e Inglaterra, que durou até 1.453, cerca de cento e dezesseis anos.
O CHAMADO
Por volta dos treze anos, Joana teve sua primeira revelação divina com a mensagem: "Ides e tudo será feito segundo as vossas ordens". Acreditando nas visões divinas do arcanjo Miguel, de Santa Margarida de Antioquia e de Santa Catarina de Alexandria, em 1.429, ela se dirigiu à corte de Carlos VII, rei de Bourges, que se disfarçou de nobre em um canto do recinto, mas, Joana, sem nunca tê-lo visto, o reconheceu e se curvou diante dele dizendo: "Em nome de Deus, sois vós o rei! Senhor, vim conduzir os seus exércitos à vitória. Se fizeres como vou ordenar, os ingleses serão expulsos e vós sereis reconhecido por todos como rei da França". Carlos VII lhe pôs dificuldades como provas e Joana as venceu, convencido, o rei lhe confiou o comando de um pequeno exército para libertar Orléans do domínio inglês.
FÉ E PROMESSA CUMPRIDA
Joana d’Arc portava um estandarte com a imagem de Cristo e os nomes Jesus e Maria, implementou a assistência à Missa e a recepção dos sacramentos pelos soldados, convencendo-os a se confessarem e a comungarem antes da batalha. Enviou uma carta ao rei inglês, Henrique VI, ordenando a retirada das tropas em terras francesas: "Voltai a vosso país. Deus assim o quer! O reino da França não vos cabe, mas a Carlos! Eu sou uma enviada de Deus e minha tarefa é expulsar-vos daqui! Deus me dará a força necessária para repelir vossos ataques!" Diante da rejeição dos ingleses ao seu pedido, Joana ordenou o ataque à eles e em pouco tempo romperam o cerco inglês, libertando Orléans. E após cerca de um mês, Carlos VII foi oficialmente coroado rei da França. Joana cumpriu a sua promessa seguindo as ordens, que segundo ela, as vozes lhe haviam dado. Mas, ela percebeu que enquanto a cidade de Paris estivesse sob o domínio inglês, o rei Carlos VII não teria o controle do reino francês. Faltava reconquistar Paris derrotando os borguinhões apoiadores dos ingleses, porém, durante o embate, Joana foi gravemente ferida por uma flecha. O rei francês decidiu bater em retirada, em setembro de 1.429, e repensar sua estratégia para conquistar a vitória mediante a paz, tratados e outras oportunidades.
"ELE (DEUS) ESTEVE COMIGO NA LUTA, É NATURAL QUE ESTEJA TAMBÉM NA GLÓRIA!"
Em maio de 1.430, Joana retoma a luta para libertar a cidade de Compiègne, perto de Paris, chefiada pelo Duque da Borgonha, Filipe III. Durante o cerco à Fortaleza de Margny, ela foi presa; entre mudanças de cativeiro e interrogatórios, Joana tentou fugir duas vezes sem sucesso. Ela teve sua vida investigada, mas não encontraram nada que a comprometesse, ou seja, sua prisão era uma questão política e não religiosa – o rei Carlos VII não movimentou a França para resgatar Joana que estava prisioneira do Duque de Luxemburgo e este negociou sua venda aos ingleses.
Joana d'Arc foi levada a um falso tribunal de Inquisição - por não estar sob autoridade papal do Vaticano -, sendo um processo injusto em que os envolvidos não estavam comprometidos com a verdade. O processo contra Joana, pelos ingleses, se iniciou em janeiro de 1.431 com a presença do bispo Pierre Cauchon, partidário do Duque da Borgonha e aliado à Inglaterra, enumerando dezenas de acusações, entre às quais, o uso de roupas masculinas - pois, Joana era prudente ao se disfarçar como um escudeiro durante viagens em território inimigo, e cautelosa ao usar armadura durante a batalha, dissuadindo abuso sexual nos acampamentos, e na prisão, detendo molestamentos e estupros; além da preservação da castidade, outro motivo justificável, pois, os homens estariam menos propensos a pensar nela como um objeto sexual –, seus acusadores queriam que ela não usasse armaduras para que ficasse vulnerável. As principais acusações foram heresia, bruxaria e idolatria, apesar da sua própria defesa inspirada por Deus, sem um defensor do Estado a que tinha direito e sem permissão para recorrer ao sumo pontífice, o papa, após meses de julgamento, Joana foi condenada à morte na fogueira por heresia.
"AS VOZES NÃO MENTIRAM"
Em 30 de maio de 1.431, aos dezenove anos, antes da execução, Joana d'Arc se confessou com Jean Totmouille e Martin Ladvenu que lhe administraram os sacramentos da comunhão e, então, ela foi publicamente queimada viva na Praça do Velho Mercado, em Rouen, sede do domínio inglês. Cumprindo sua missão e afirmando crer na voz do anjo que guiou seus passos e libertou a França, sua morte a elevou ao status de mártir e aumentou o patriotismo francês contra os ingleses. Após a execução de Joana d'Arc, os ingleses foram derrubados na França - as vozes não lhe haviam mentido - a última cidade inglesa derrubada, Calais, findou a reconquista do território francês e a obra de Joana d’Arc. Sua história demonstra que Deus capacita aqueles(as) que escolhe, concedendo sua força e sua bênção - uma camponesa analfabeta se torna santa, guerreira, líder do exército, libertadora, mística e escolhida por Deus.
"EU NÃO FIZ NADA QUE NÃO TENHA SIDO ORDENADO POR DEUS OU POR SEUS ANJOS"
Em 1.456, o Papa Calixto III autorizou um tribunal inquisitorial para revisar e examinar o processo de julgamento de Joana d'Arc que trouxe à luz a sua inocência e perfeita fidelidade à Igreja, considerando inválido o processo que a condenou injustamente e publicou o evidente erro. Em 1909, Joana d’Arc foi beatificada pelo Papa Pio X, foi canonizada em 16 de maio de 1.920 pelo Papa Bento XV e, atualmente, é a Santa Padroeira da França. Historiadores localizaram os registros completos de seu julgamento de reabilitação que contêm testemunho juramentado de cento e quinze testemunhas, e as notas originais em francês da transcrição do julgamento de condenação em latim. O testemunho dos soldados e oficiais a descreve como uma mulher cuja modéstia teve influência decisiva em seus comportamentos. Ela restaurou a moral do exército francês e o manteve elevado, insistindo que os soldados se portassem como cristãos e se posicionassem na vanguarda do ataque.
Joana d'Arc viveu a submissão à Deus, a obediência às autoridades, a virgindade e pureza, o serviço aos outros, o amor a Pátria e a família, deu sua vida por amor a cristandade e a seu lar e lutou pela dignidade do seu povo que passava fome e morria em guerras. Ela é retratada na literatura, pintura, escultura e em outras formas de arte, como o cinema - alguns se aproximando mais da verdade que outros.
NOTA: Imagem da estátua de Joana d'Arc em Orléans, do escultor francês Denis Foyatier, 1.855.
REFLITA!
EU SOU AMIGO(A) DE DEUS?
EU CONVERSO INTIMAMENTE COM ELE?
EU CREIO NELE?
EU SOU OBEDIENTE À ELE?
EU SOU SUBMISSO(A) À ELE?
Filme "Joana d'Arc", direção de Victor Fleming, 1.948.
Pintura "Joana d'Arc na prisão", de Paul Delaroche, 1.824.
Cristina Syono | Psico-Arte-Fototerapia | WhatsApp +55 11 99624-6801