MOISÉS COM OS DEZ MANDAMENTOS

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Artista: pintor francês de origem flamenga Philippe de Champaigne

Arte sacra . óleo sobre tela . 235 cm x 210 cm . ano 1.648

Os Dez Mandamentos ou o Decálogo são as Leis dadas por Deus ao povo de Israel durante a Aliança feita por meio de Moisés. Expressam a substância da lei moral natural inscrita no coração dos seres humanos, mas que está obscurecida. Os três primeiros se referem ao amor de Deus que é o Sumo Bem e Fim Último da pessoa criada e de todas as criaturas do universo, infinitamente digno de ser amado. Os outros sete se referem ao amor do próximo, isto é, o bem do próximo – e o bem pessoal – que deve ser amado por amor a Deus, que é seu Criador.

Primeiro mandamento - Amar a Deus sobre todas as coisas: amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente.

Amar a Deus e amar o próximo por amor de Deus, isto é, o amor a Deus compreende o amor àqueles que Deus ama - todos os seres humanos criados por Ele à sua imagem e semelhança chamados a serem Seus(as) filhos(as). Amor é caridade e segue uma ordem hierárquica: Deus, os outros (por amor de Deus) e nós mesmos(as) (por amor de Deus). Não existe um verdadeiro amor que exclui ou posterga o amor de Deus – “não se faça a minha vontade, mas a tua”. É corresponder ao seu amor por nós nos entregando totalmente de corpo e alma, não se trata de sentimento, mas de determinação da vontade. O amor a Deus nos leva ao diálogo pessoal com Ele pela oração porque tudo o que temos e somos, d’Ele o recebemos para Lhe dar glória. O amor é paciente, é prestável, não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso, nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita nem guarda ressentimento, não se alegra com a injustiça. “Amarás a teu próximo como a ti mesmo” - o amor de si por amor a Deus nos conduz a procurar para si próprio o que Deus quer: a santidade, portanto, a felicidade - com sacrifício e cruz nesta terra. O amor desordenado de si próprio, isto é, o egoísmo, é o amor de si próprio em si mesmo, não por amor de Deus, ou seja, coloca a própria vontade em lugar da de Deus e o próprio interesse acima do serviço aos outros.

 

Segundo mandamento - Não invocar o santo nome de Deus em vão: respeitar e honrar o nome de Deus, pronunciando o seu nome para o bendizer, o louvar e o glorificar.

O nome exprime a essência, a identidade da pessoa e o sentido da sua vida. “Eu sou Aquele que sou. Este é o meu nome para sempre” - o nome manifestado à Moisés indica que Deus é Ser por essência. Deus é Santo, ou seja, é transcendente e absolutamente superior - acima de todas as criaturas. No "Pai Nosso", oramos: “santificado seja o Vosso nome”, reconhecendo o nome de Deus como santo. Deus chama cada um de nós pelo nome, ama cada um pessoalmente e espera de cada um uma resposta de amor. Ninguém pode nos substituir nessa resposta de amor a Deus. O ser humano é a única criatura na terra a ser querida por Deus por si mesma. Não é algo, mas alguém, uma pessoa que é chamada a partilhar, pelo conhecimento e pelo amor, a vida de Deus – criado com este fim, tal é a razão da sua dignidade.

 

Terceiro mandamento - Santificar os domingos e festas de guarda: honrar Deus com culto aos domingos e em dias de festa.

A obra da Criação foi realizada em seis dias, ao concluir, Deus abençoou o sétimo dia, santificou-o e repousou. A pessoa que está chamada a participar do poder criador de Deus aperfeiçoando o mundo por meio do seu trabalho, deve também deixar de trabalhar no sétimo dia para o dedicar ao culto divino e ao descanso. O sétimo dia era o sábado que representava o fim a Criação, após a vinda de Jesus Cristo, mudou para domingo porque é o dia da Ressurreição do Senhor. É um tempo de descanso e lazer que nos permite cultivar a vida familiar, cultural, social e religiosa. No entanto, o descanso dominical pode não ser respeitado se houver um dever superior de justiça ou de caridade. 

 

O quarto mandamento - Honrar pai e mãe: honra o teu pai de todo o teu coração, não esqueças as dores da tua mãe e lembra-te de que foram eles que te geraram.

A paternidade divina é a fonte da paternidade humana: o fundamento da honra devida aos pais e mães. Dirige-se aos filhos em relação aos seus pais, a outros membros da família, aos deveres dos alunos para com os professores, dos subordinados para com seus chefes, dos cidadãos para com a sua pátria etc. E também os deveres dos pais e de todos os que exercem autoridade sobre outros. A família é a célula originária da vida social. A autoridade, a estabilidade e a vida das relações familiares são os fundamentos da liberdade, da segurança, da fraternidade na sociedade. Os membros da família devem viver de modo que aprendam a preocupar-se e a encarregar-se dos jovens e velhos, das pessoas doentes ou incapacitadas e dos pobres. O ambiente familiar deve ser o modelo de amor, de serviço, de obediência e de autoridade. Manifesta-se na docilidade e obediência enquanto estão sujeitos aos seus pais e mães, os(as) filhos(as) devem obedecer-lhes no que disponham para o seu bem e o da família. Esta obrigação cessa com a emancipação dos(as) filhos(as), mas nunca cessa o respeito que devem aos seus pais e mães. Os(As) filhos(as) devem respeitar e honrar os pais e mães, dar-lhes alegrias, rezar por eles(as), corresponder ao seu sacrifício, reconhecer àqueles(as) que, pelo dom da vida, pelo seu amor e seu trabalho, puseram os(as) filhos(as) no mundo e lhes permitiram crescer em estatura, sabedoria e graça. Se os pais e/ou mães mandarem alguma coisa oposta à Lei de Deus, os(as) filhos(as) estão obrigados a antepor a vontade de Deus aos desejos dos pais e mães, pois é necessário obedecer antes a Deus que aos seres humanos – é de Deus que procede toda a paternidade. Os pais e mães devem receber agradecidos(as) a bênção e manifestação de confiança – os(as) filhos(as) que Deus lhes envia. O direito e o dever da educação pelos pais e mães são primordiais e inalienáveis, sendo responsáveis em criar um lar, onde se viva o amor, o perdão, o respeito, a fidelidade e o serviço desinteressado; respeitando com amor a liberdade dos(as) filhos(as), ensinando-os(as) a usá-la bem e com responsabilidade. Quanto mais a criança cresce para a maturidade e autonomia humanas e espirituais, tanto mais a sua vocação individual, que vem de Deus, se afirma com nitidez e força. Os pais e mães devem respeitar este chamamento e apoiar a resposta dos(as) filhos(as) para o seguir - devem unir o carinho e a fortaleza, a vigilância e a paciência. E aos(às) filhos(as) adultos(as) cabe a responsabilidade para com os seus pais e mães, tanto quando lhes for possível, prestando ajuda material e moral nos anos da velhice e no tempo da doença, da solidão ou do desânimo. 


Quinto mandamento - Não matarás: a vida humana é sagrada porque, desde a sua origem ou concepção, postula a ação criadora de Deus e se mantém para sempre numa relação com o Criador, seu único fim.

Somente Deus é senhor da vida, desde o seu começo até à sua morte física: ninguém, em circunstância alguma, pode reivindicar o direito de dar a morte diretamente a um ser humano inocente nem a si mesmo(a). Nenhuma circunstância, finalidade ou lei poderá tornar lícito um ato que é intrinsecamente ilícito, pois é contrário à Lei de Deus inscrita no coração de cada ser humano e reconhecível pela própria razão. O ser humano é singular: é a única criatura na terra que Deus ama por si mesma. O ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus e destinado a conhecer e a amar a Deus eternamente - a vida é sagrada - é este o fundamento último da dignidade humana e deste mandamento que se refere aos seres humanos. É legítimo se servir dos animais para obter alimento, vestuário, entre outros, pois Deus os colocou na terra para que estivessem ao serviço dos seres humanos, e estes não são donos da Criação, mas administradores, portanto, têm a obrigação de respeitar e cuidar da natureza, da qual necessita para a sua própria existência e desenvolvimento. O suicídio contraria a inclinação natural do ser humano para conservar e perpetuar a sua vida. Ofende o amor do próximo porque quebra injustamente os laços de solidariedade com as sociedades familiar, nacional e humana, em relação às quais temos obrigações a cumprir. Diferentemente, preferir a própria morte para salvar a vida de outro não é suicídio, antes pelo contrário, pode constituir um ato de extrema caridade. Este mandamento também inclui golpear, ferir ou provocar quaisquer danos injustos a si mesmo(a) e ao próximo no corpo, por si mesmo(a) ou por meio de outros; assim como, ofender com palavras injuriosas ou lhe desejar o mal. A proibição de causar a morte não suprime o direito de impedir que um injusto agressor provoque danos. A legítima defesa pode ser um dever para quem é responsável pela vida de outro ou do bem comum.

 

Sexto mandamento - Não cometer adultério: a ordem de Deus ao homem e à mulher é para crescer e multiplicar-se à sua imagem e semelhança, portanto, essencialmente diferente da vida animal.

Deus é amor e o seu amor é fecundo, quis Deus que os seres humanos participassem associando à geração de cada novo ser um ato específico de amor entre um homem e uma mulher compostos de corpo e alma, ou seja, a participação de todas as dimensões do ser humano: a corporeidade, o afeto e o espírito. A castidade tem referência na virtude da temperança (ou equilíbrio) e significa a integração da sexualidade no ser humano, e daí a unidade interior do homem ou mulher no seu ser corporal e espiritual.

 

Sétimo mandamento - Não roubar: proíbe se apropriar ou reter injustamente o que é do próximo e prejudicá-lo nos seus bens.

No princípio, Deus confiou a terra e os seus recursos à gestão comum da humanidade, para que dela cuidasse, a dominasse pelo seu trabalho e gozasse dos seus frutos. A apropriação dos bens é legítima para garantir a liberdade e a dignidade das pessoas, e para ajudar às suas necessidades fundamentais e às necessidades daqueles sob sua responsabilidade ou encargo. O direito à propriedade privada, adquirida ou recebida justamente, não anula a doação original da terra à humanidade no seu conjunto, embora a promoção do bem comum exija o respeito à propriedade privada, do direito à ela e do respectivo exercício, sendo importante para o ordenamento da vida social. O respeito pela dignidade humana exige a prática da virtude da temperança (ou equilíbrio), para moderar o apego aos bens materiais; da virtude moral da justiça, para dar ao próximo o que lhe é devido; e da solidariedade, para o bem de todos e de cada um. A temperança é a virtude da pobreza que, não consiste em não ter, é estar desprendido dos bens materiais, isto é, contentar-se com o que basta para viver temperadamente e em administrar os bens para servir os outros. O trabalho humano procede das pessoas criadas à imagem e semelhança de Deus e chamadas a prolongar, umas com as outras, a obra da criação, dominando a terra.

 

Oitavo mandamento - Não levantar falsos testemunhos: proíbe falsificar a verdade nas relações com outrem.

Decorre da vocação do povo santo para ser testemunha do seu Deus, que é e quer a verdade. Em decorrência da sua dignidade, todos os seres humanos são impelidos pela sua própria natureza e obrigados por exigência moral a procurar a verdade, aderindo à ela e a regular toda a sua vida segundo as exigências da verdade. A virtude da veracidade, ou sinceridade, ou franqueza possui três aspectos fundamentais: sinceridade consigo mesmo: reconhecer a verdade sobre a minha conduta externa e interna: intenções, pensamentos, afetos, entre outros, sem medo de esgotar a verdade e sem fechar os olhos à realidade; sinceridade com os outros: dizer a verdade uns aos outros, se comportar adequadamente, respeitando os contratos, os acordos e a palavra dada; sinceridade com Deus: Deus vê tudo, mas como somos seus(as) filhos(as) quer que Lho manifestemos – um(a) filho(a) de Deus trata o Senhor como Pai com sinceridade e confiança. Nosso Senhor é tão verdadeiramente pai, que prevê os nossos desejos de sermos perdoados e se adianta com a sua graça, abrindo-nos amorosamente os braços. A sinceridade é caminho para crescer em humildade e caminhar na verdade. A soberba que tão facilmente vê as faltas alheias - exagerando-as ou inventando-as -, não se dá conta das próprias faltas e misérias. A mentira é dizer o que é falso com a intenção de enganar. O respeito pelas pessoas proíbe toda atitude e/ou palavra suscetíveis de lhes causar dano injusto. O direito à honra e à boa fama, tanto próprio como alheio, é um bem mais precioso do que as riquezas e de importância para a vida pessoal, familiar e social. O bem e a segurança de outrem, o respeito pela vida privada e pelo bem comum são razões suficientes para calar o que não deve ser conhecido ou para usar uma linguagem discreta. Ninguém é obrigado a revelar a verdade a quem não tem o direito de a conhecer.

 

Nono mandamento - Guardar castidade nos pensamentos e nos desejos: movimento da vontade que não aceita o deleite desordenado que certa imagem, interna ou externa, provoca.

Refere-se aos atos internos, de forma positiva, regulam a forma de viver a pureza nos pensamentos e nos desejos. No entanto, vemos certos atos internos como inveja, avareza, entre outros - "aquele que olhar para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração". Jesus explica que é do coração do homem que procedem as más intenções, os assassinatos, os adultérios, as prostituições, os roubos, os falsos testemunhos e as blasfêmias. A maldade do homicídio, do adultério ou do roubo não está principalmente na materialidade da ação ou nas suas consequências, mas antes na vontade - no coração - do homicida, do adúltero, do ladrão, que escolhe determinada ação por desejá-la: decide seguir numa direção contrária ao amor do próximo e, portanto, também do amor de Deus. A pureza do olhar exige a purificação do uso dos nossos sentidos externos para que nos levem a olhar e a contemplar o mundo e as outras pessoas com visão sobrenatural que nos permite descobrir a verdadeira beleza de toda a criação, particularmente, a beleza dos que foram criados à imagem e semelhança de Deus.

 

Décimo mandamento - Não cobiçar as coisas alheias: os bens materiais são bons como meios, mas não são fins. Não podem encher o coração do ser humano, que está feito para Deus e não se sacia com o bem-estar material. 

Orienta os olhares e as atitudes em conformidade com a dignidade das pessoas e com a união que existe entre elas. A inveja é a rejeição da caridade e deve ser banida do coração humano: é a tristeza que se sente perante o bem alheio e o desejo imoderado de se apropriar dele, mesmo indevidamente. Da inveja podem derivar o ódio, a murmuração, a detracão, a desobediência, entre outros. O desejo da verdadeira felicidade liberta o ser humano do apego imoderado aos bens materiais. E a pureza exige o pudor que preserva a intimidade da pessoa.

FONTE: "Quais são os dez mandamentos?" - para o conteúdo completo, acesse: opus dei.org, 2020.



Cristina Syono | Psico-Arte-Fototerapia | WhatsApp +55 11 99624-6801

 

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